sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Carnavais Inesquecíveis: Unidos da Tijuca 2004

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Dizem que o ato de sonhar é a base do desenvolvimento científico. Que essa visão é romântica demais, acho que fica claro para todo mundo. Talvez seja simplista afirmar que apenas o desejo pela superação seja o responsável pela inciativa humana para buscar a solução para os problemas que o próprio homem vive (ou diz viver). É esse o ponto de partida para um dos enredos mais elogiados e bem desenvolvidos dos últimos tempos no carnaval carioca: "O sonho da criação e a criação do sonho - A arte da ciência do tempo do impossível", desenvolvido em conjunto pelo carnavalesco Paulo Barros e a Casa da Ciência do Rio de Janeiro.

foto45O percurso feito pela narrativa é mágico. Começa em uma máquina do tempo, que nos leva diretamente ao século III a.D. quando surgem os primeiros alquimistas, precursores da ciência moderna. Passa pela descoberta da eletricidade até os avanços mais recentes propiciados pelas pesquisas com o Genoma humano. "Com o viajar no tempo, percebemos a imensa capacidade humana de criar, de concretizar idéias, por mais impossíveis e mirabolantes que possam parecer. E continuamos a sonhar, mesmo incertos com os seus possíveis usos e realizações. No futuro, seremos meio máquina – meio homem? Poderemos utilizar o tão sonhado teletransporte, que nos levará de um ponto ao outro em questão de segundos? Estaremos livres de doenças com o avanço da medicina? A máquina do tempo parte em direção ao amanhã, para descobrir no que se transformará o que hoje é apenas sonho", conclui a sinopse belíssima.

foto35Visualmente o impacto do desfile foi inesperado e completamente surpreendente. Desde a comissão de frente completamente mecanizada até o imenso abre-alas representando uma máquina do tempo. Fantasias leves e de leitura extremamente fácil, em cores quentes (tons predominantemente dourados e acobreados) e muito bem resolvidas deram à escola um visual homogêneo e ao mesmo tempo diferente do que a própria Unidos da Tijuca havia apresentado até então.

Mas o melhor estava por vir. O último carro, representando o DNA humano, segundo o enredo a fonte de nossos maiores segredos, foi genialmente criado pelo carnavalesco. Mais de 100 pessoas sincronizavam as ligações químicas entre as bases que formam nosso código genético. Uma estrutura de ferro se tornou uma das maiores revoluções do carnaval em todos os tempos graças a um pequeno grande detalhe: pessoas. Até hoje, os resquícios desse desfile permanecem vivos.

O carnaval se tornou mais vivo após a invencionice sonhadora de Paulo Barros.

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Fotos: FM o Dia