Verdades ou mistérios nessa história? Ao certo ninguém nunca saberá!
A história de Rainha Nzinga surpreende e encanta todos os historiadores que tentaram decifrá-la. A riqueza incomum de sua trajetória traz a todo momento dúvidas sobre a veracidade dos fatos. O que se sabe é que uma rainha tribal negra conseguiu enfrentar a opressão portuguesa e influenciar de forma decisiva a história brasileira.
Conta a história que para proteger seu povo, Nzinga – então rainha de Matamba – fez uma aliança com os portugueses, mudou de nome e passou a se chamar Dona Ana de Sousa. Torna-se uma verdadeira senhora da Corte, vivendo entre a nobreza e usufruindo do luxo, da riqueza e da ostentação.
Reza a lenda que os portugueses quebraram o acordo, o que revoltou a Rainha. Nzinga então lidera um grupo de resistência ao domínio português. É creditado a ela a criação dos quilombos como local de resistência e a aliança com navegadores holandeses para a libertação de Portugal.
Se engana quem pensa que o objetivo principal da Rainha – ou Rei como ela preferia ser chamada – era a libertação de seu povo. Nzinga queria poder, dinheiro, luxo. Não hesitava em conseguir retirar o máximo de seus súditos – até mesmo o sangue que corria em suas veias.
É traída pelo seu próprio povo, morta pelos portugueses. Seus seguidores são mandados para o Brasil em navios negreiros. Sua força e luta se tornam combustível para o sincretismo dos escravos. Torna-se Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e da Boa Morte nas Congadas e a Rainha das Nações no Maracatu.
Sua história está perpetuada.
No Carnaval 2010, Nzinga será o enredo da Império da Tijuca, escola do Morro da Formiga no Rio de Janeiro. O impérinho – como é conhecida – tem como carnavalesco o jovem Jack Vasconcelos, campeão no último ano na União da Ilha do Governador. Promessa de grande desfile e de um grande samba.
A obra abaixo é de Paulo César, Henrique Badá e André Barradão e a minha preferida na disputa para ser o samba oficial da escola em 2010. Resta torcer!
Verdades ou mentiras dessa história
Ao certo ninguém nunca saberá
Kimbandas, feiticeiros evocaram os Ngangas e tatás
O mal se revelou na profecia
Tempos difíceis de escuridão
O sangue dos Jagas guerreiros
Matava a sede do império da ambição
Desembarcaram os portugueses pra colonizar
Catequizar e dominar
Usando a fé e a violência
Ao povo negro conseguiu escravizar
Eparreio Oiá, eparrei Oiá
E nesse canto de fé
A Império traz o axé
Iluminando o nosso carnaval
Na peregrinação pelo poder
Se converteu e se alfabetizou
Fez alianças com o inimigo por querer
Sua coroa sua dilenga conquistou
Mas a quilombola nem sonhava
Que entre seu povo haveria a traição
Lutou mas foi aprisionada
E atravessou o oceano num porão
Nas lavouras brasileira, miscigenação
À meia noite calunga é proteção
Nzinga, Ginga é senhora de Matamba
A Império da Tijuca vem mostrar
Nasceu princesa descendente do Rei Samba
Virou guerreira a Rainha do Congá