segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mercedes Baptista e o quebrar dos grilhões

cubangoO ano era 1948. A famosa democracia racial ainda não era vivenciada, o fantasma da escravidão era ainda mais vívido do que hoje e o negro era inexistente nos grandes espetáculos de cultura erudita. É então que a bailarina Mercedes Baptista, negra, tem a ousadia de disputar uma vaga entre o corpo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A bailarina, diferente das demais concorrentes brancas,  fez o teste juntamente com homens. E o inesperado acabou acontecendo quando ela foi aprovada.

Mercedes não apenas quebrou a barreira de ser a primeira negra a integrar espetáculos no TM. Construiu ao longo de sua carreira momentos importantes de vanguarda para a história da dança brasileira. O hibridismo proporcionado pelas suas coreografias, que uniam elementos vindos de danças como o Corta Jaca, o Funeral de Rei Nagô, o Corbarão, o Mondongo, o Jongo e Congo, com os tradicionais passos das danças clássicas, foi uma verdadeira revolução para a criação de um estilo todo peculiar de unir produções culturais opostas.

Na década de 60, Mercedes se dedica a outra de suas paixões: o carnaval. No Aminueto2cadêmicos do Salgueiro é responsável por uma revolução ao introduzir as alas coreografadas (no enredo Xica da Silva em 1963 na famosa ala Minueto - foto). Em 1964 repete o feito em outro enredo de temática afro “Chico-Rei”.

Mercedes é um dos tantos personagens da história brasileira que não tiveram o reconhecimento que merecem. Um dos tantos negros que se confundem com a própria história da construção da nossa identidade.

 

O violino com o batuque do tambor
Corta-jaca, mondogo, me leva! 
Ao "pás de deux" no jongo e, "entrechat" no congo
Início de uma nova era

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